sexta-feira, 6 de junho de 2014

"A decisão do Parto Domiciliar" Parte 1/3


Acredito que aquelas que buscam maiores informações ou que queiram apenas saber um pouco mais sobre minha jornada particular, vão achar mais interessante que eu conte a minha história por partes sendo assim : parte 1 de 3.

Pois bem, não posso contar meu segundo parto sem mencionar o primeiro, meu primeiro parto foi normal e hospitalar, não foi nem 50% do que planejei ou sonhei, foi uma grande frustração mas com final feliz.  Minha filha veio ao mundo por vias normais e esbanjando saúde, não pingaram colirio nela (Credé) e ela não foi furada para receber a vitamina K e nem mesmo aspirada, saiu de meu ventre e veio direto para meu colo, mamou em seguida e não chorou... 

Apesar de contratar uma equipe humanizada, não me senti segura, corri grandes riscos, não fui atendida em meus pedidos simples e me senti hostilizada. Cheguei aos 10cm de dilatação sem grandes problemas e quando me senti hostilizada, perdi o controle e acabei entregando o meu parto, o que acabou gerando um efeito cascata, tive que ser anestesiada e etc etc...

A ferida ainda não cicatrizou mas após quase 4 anos em meu segundo parto tudo aconteceu como planejei e fui dupla ou triplamente feliz ! Mas a dor de ter entregue o meu primeiro parto ainda dói...

Sempre tive consciência de que teria um parto normal, minha mãe teve 3 filhos todos de forma natural e na minha cabeça não me imaginava fazendo uma cirurgia (Cesarea) ... Sempre fui muito resistente à dor, o que facilitava imaginar meus partos, pois meu primeiro e maior medo é de perder a consciência e/ou ser anestesiada ou ainda deixar de sentir alguma parte do meu corpo. Por isso a certeza de um parto natural... 

Quando engravidei a primeira vez fui me informar ao máximo sobre partos e como eles aconteciam no Brasil, o quadro atual não é muito promissor. Mas facilitou muito minha vida ter uma pessoa na familia que já fazia parte deste meio de humanização e com isso foi mais simples encontrar o caminho e decidir o que eu queria.

Com pouco conhecimento "prático" imaginava um parto domiciliar como algo perigoso, não sabia o que sentiria e como minha filha chegaria ao mundo, tive receios de que ela precisasse de socorro ou que talvez eu me assustasse com a dor no trabalho de parto etc. Com isso cheguei a conclusão que queria que ela chegasse de forma natural em um "ambiente controlado", era dessa forma que me sentia mais segura e por isso optei pelo hospital...

Foram tantas coisas que me incomodaram no hospital que não me imaginava parindo novamente no mesmo ambiente, pensar em hospital me dava calafrios, desde as coisas mais simples e banais como comida, banheiro, pessoas estranhas, sons, cores, mais pessoas estranhas, cheiros, doenças, protocolos e possiveis intervenções me deixavam nauseada... Queria parir em casa e não queria que ninguém chegasse perto da minha filha, queria apenas pessoas que conheço e que confio comigo... 
E foi com esse sentimento que me decidi.

Decidido dentro de mim, precisei me munir de mais informações e de apoio, meu marido não me apoiou de cara, mas aceitou, pois ele sabia que o parto era primeiramente meu, quando conversei com minha mãe ela me apoiou plenamente. Foi ela quem me acompanhou no primeiro parto e se não fosse por ela minha dor/ trauma teria sido muito maior, por esse motivo sabia que seu apoio seria importante, mas ao mesmo tempo eu estava tão decidida que mesmo que ela não me apoiasse eu teria meu bebê em casa... ( acho que é isso que as meninas tanto chamam de "empoderamento" rs)

Fui em busca da equipe, pessoas que me trariam segurança e muito carinho, muito mais do que eu poderia imaginar e foi assim que encontrei a Karina Trevisan da Commadre, pessoa iluminada que Deus colocou em meu caminho e que me trouxe muita segurança para conseguir realizar esse sonho tão novo e tão importante que surgiu em minha vida... Muito gentil, com olhar carinhoso ela me ajudou e me deu força e energia para que tudo ocorresse como eu esperava... 
Sou muito grata a ela e toda a equipe...

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